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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Como será o congresso que vai debater arquitetura, turismo e sustentabilidade em Cataguases


Projeto aprovado Lei Municipal de Incentivo Cultural Ascânio Lopes, o CATS - Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade -, que será realizado em 2012 tem a assinatura do professor Geraldo Filho e da arquiteta Elisabeth Kropf. Segundo Geraldo, o congresso pretende ser "um movimento de transformação e mostrar aos moradores de Cataguases que é possível conviver bem com a tradição sem ser obsoleto". 

Professor de Literatura no Colégio Equipe de Cataguases e formado em Letras pela Universidade Federal de Juiz de Fora, Geraldo tem uma boa experiência em projetos culturais, pois é um dos realizadores do FELICA - Festival Literário de Cataguases. Responsável pelo site Cataguasesviva.com acredita que o CATS, que ainda conta com a participação da estudante de Arquitetura Alice Werneck na organização, vai conseguir apoio da iniciativa privada.

Neste entrevista ao professor Ricardo Quinteiro, Geraldo afirma que Cataguases não vive do passado, ainda que tenha uma história cultural riquíssima. E diz que o CATS quer introduzir um debate onde a memória seja valorizada nos tempos atuais. "As relações entre a cidade e o patrimônio se desenvolvem no contexto da conservação e preservação da cultura local, fazendo com que esta permaneça através dos patrimônios protegidos, se possível de forma perene", acredita.

Ricardo Quinteiro: Você, além das atividades de magistério, promove atividades culturais, como o Felica. Como nasceu a ideia de promoverum Congresso de Arquitetura?
Há três pilares culturais que colocam Cataguases com grande destaque no cenário nacional e internacional: o cinema, a literatura e a arquitetura. Estas duas últimas andavam com pouca mobilização em torno de sua divulgação, embora acontecessem eventos esporádicos, como a visita de estudantes de arquitetura ou a explosão de nomes como Luiz Ruffato ou do Ronaldo Cagiano. Daí a ideia de reunir, em poucos dias, interessados nesses assuntos em Cataguases a fim de tornar rotineiro esses encontros. 

Ricardo Quinteiro: Você pode adiantar o nome de algumas entidades acadêmicas já confirmadas
e as em negociação?

É muito provável que tenhamos o apoio da Universidade Federal de São João del Rei. Em conversas com o Pró-Reitor de Ensino de Graduação da UFSJ, Murilo Leal, também de Cataguases, ele mostrou-se muito solicito e é de interesse da Universidade expandir o conhecimento produzido dentro de seus campi para fora deles. A Universidade Cidade, de São Paulo, é outra que assinalou interessada no evento, pois eles já vêm à cidade há 4 anos consecutivos com seus alunos. E ainda buscaremos as Faculdades da região.
 
Ricardo Quinteiro: Quais as atividades que consiste o congresso?
O principal objetivo do congresso é dar notoriedade a Cataguases fora da cidade e torná-la referência na discussão de assuntos relacionados à preservação do patrimônio e uma possível exploração turística desse patrimônio voltado para as pequenas cidades. Palestras sobre arquitetura, turismo e sustentabilidade, com renomados profissionais e apresentações de trabalhos de estudantes das áreas de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade (Geografia, Biologia, Engenharia Ambiental, por exemplo) para serem analisados por banca de professores universitários. Também faremos oficinas de educação patrimonial para os alunos das escolas públicas e privadas da cidade e de capacitação artística para a população adulta para produção de peças a serem comercializadas durante o evento. A parte cultural ficará a cargo de artistas locais, que apresentarão peças e shows. Haverá ainda visitas guiadas aos imóveis tombados pelo IPHAN.

Ricardo Quinteiro: Cataguases tem muitos atrativos turísticos, mas ainda não tem um circuito com infraestrutura.Você acredita que o Congresso pode ser um passo para ser criado um circuito com regularidade?A grande ideia de se fazer o congresso na cidade é exatamente essa, ser um ponto de partida para se tornar um evento bianual. Cataguases é referência pelo número de construções modernas que comporta em uma área que é tombada pelo IPHAN, isso pode e deve ser explorado turisticamente. O CATS envolverá toda a comunidade acadêmica e nãoacadêmica de várias cidades interessadas em debater sobre as diversas problemáticas que atingem direta e indiretamente a questão da preservação patrimonial e de que maneira essa preservação pode auxiliar no desenvolvimento econômico das cidades, mediante a exploração desse resultado pelo Turismo, sem causar grandes impactos na sua estrutura original. Desse modo, o evento pretende mexer com a cidade, tanto no seu aspecto cultural, quanto no aspecto social e econômico, ao divulgar Cataguases, seus distritos e as cidades circunvizinhas promovendo o turismo, o comércio e outros serviços.
 
Ricardo Quinteiro: Tem algumas pessoas que dizem que Cataguases vive do passado. Você concorda com essa expressão? 
Cidade alguma vive do passado, pois são massas em constante evolução. Acreditamos, porém que Cataguases esteja, em relação às artes, de certa forma, "presa" às lembranças em um ponto específico de seu passado: o período do Movimento Moderno, quando a cidade teve grande destaque nacional tanto na arquitetura, nas artes plásticas, como na literatura.O que o CATS traz de novo para a cidade é a proposta de darmos grande importância a essa memória, mas, sem nos esquecermos de que hoje vivemos outros tempos. Deve-se compreender também que uma cidade é um espaço vivo, no qual residem inúmeros fatores e relações que a fazem única e permanente, a qual muda de acordo com os interesses e anseios dos seus moradores. As relações entre a cidade e o patrimônio se desenvolvem no contexto da conservação e preservação da cultura local, fazendo com que esta permaneça através dos patrimônios protegidos, se possível de forma perene, representando assim a história e a sua evolução regular e constante. Dar estrutura e visibilidade à história da cidade, com destaque aos seus patrimônios mais significativos, a torna mais legível e atraente para os visitantes.
 
Ricardo Quinteiro: Quando se investe em cultura direcionada à arquitetura e ao urbanismo, por tabela se investe em meio ambiente. O Congresso pode mostrar que a cidade pode encontrar um caminho sustentável para resolver os problemas de hoje e apontar um caminho para seu crescimento?
O nome do congresso (CATS - Congresso de Arquitetura, Turismo e Sustentabilidade) justamente explica o nosso objetivo: propor à cidade mudanças para resolver os grandes problemas que estamos enfrentando nos dias de hoje. Entende-se que o patrimônio histórico de uma cidade deva ser preservado e assimilado pela sua
comunidade prevendo ainda, ações que possam torná-lo sustentável e atraente. Como fator de desenvolvimento econômico, o turismo pode gerar renda através do aquecimento do comércio, através do gasto do turista nos diferentes setores em que o produto é oferecido, podendo contribuir com o aumento de empregos. No campo cultural pode contribuir para a proteção e preservação do patrimônio histórico.
Algumas cidades vêm desenvolvendo o turismo, não só como uma alternativa para geração de renda, mas como motivador da valorização e preservação dos seus patrimônios, fazendo com que sua cultura seja divulgada em outros destinos. A realização desse evento propiciará à cidade de Cataguases reunir acadêmicos e graduandos das áreas afins ao longo de três dias para discutirem possibilidades e projetos viáveis e sustentáveis especialmente para que pequenos municípios possam se adaptar à preservação do patrimônio bem como explorá-lo sem causar danos e/ou descaracterização de seus bens materiais.

Fonte: Jornal Atual - nº 77 - 14/10/11 

Postado: Aline M. de Carvalho

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