A música produzida pelo cantor e compositor alagoano Wado é, para dizer o
mínimo, intensa, pois não dá trégua para o puro deleite. Sua verve
angustiada destila uma poesia curtida na necessidade da clareza. Como a
poesia suporta mal as demandas por clareza, aos ouvidos mais atentos,
pode soar dura e cortante. A sonoridade, igualmente afiada, é um pouco
mais generosa. Bebe do samba na fonte, flerta com o hard rock, balança
com inconfundível suingue à base de violão e guitarras. Seu disco de
estreia, “Manifesto da Arte Periférica”, diz muito sobre suas intenções
de não aceitar calado um apartheid musical que ensurdece e
condena ao silêncio os artistas de fora do eixo Rio-São Paulo. Ainda
bem. Seu imenso talento merece uma conspiração. Se “o mundo é mesmo dos
comerciantes” que, pelo menos, nos deixem conhecer os melhores produtos
do mercado. Que a música de Wado assim o faça.
No Anfiteatro Ivan Muller Botelho (Av. Astolfo Dutra, 41 - Centro), às 21 h. Censura 14 anos. Informações: (32) 3429-6424.
Projeto Usina Cultural, com patrocínio da Energisa, pela Lei Estadual de Incentivo à cultura.
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